Hipertensão na gravidez, quais os riscos e como funciona o tratamento?
- Dr. Agnaldo Rodrigues
- 8 de mai. de 2018
- 4 min de leitura

A hipertensão é o problema de saúde mais comum nas grávidas, estando presente em cerca de 10 a 15% das gestantes.
Uma grávida pode ter hipertensão na gravidez seja porque já era hipertensa antes de engravidar ou porque desenvolveu hipertensão arterial durante a sua gestação.
Quando o quadro de hipertensão surge somente após a 20ª semana de gestação em uma mulher que não era previamente hipertensa temos uma hipertensão gestacional.
Uma vez que ela surja, a hipertensão gestacional costuma permanecer pelo resto da gravidez, mas tende a desaparecer dentro das 12 primeiras semanas após o parto.
TIPOS DE HIPERTENSÃO NA GRAVIDEZ
A grávida pode ser acometida por 4 formas diferentes de hipertensão durante a gravidez, a saber:
1- Hipertensão crônica preexistente – indivíduos com valores da pressão arterial frequentemente acima de 140/90 mmHg são considerados hipertensos.
Na gravidez, é considerada hipertensão preexistente toda hipertensão que já existia antes da mulher ficar grávida.
Como era esperado, mulheres que são hipertensas antes da gravidez, continuarão sendo hipertensas durante toda a gestação.
A hipertensão também é considerada preexistente se ela for identificada antes da 20ª semana de gestação.
Quando a mulher descobre que está hipertensa antes da 20ª semana é porque ela já era hipertensa antes da gravidez e simplesmente não sabia.
2 - Pré-eclâmpsia – é o surgimento de hipertensão após a 20ª semana de gravidez associado à perda de proteínas na urina, situação que é chamada de proteinúria.
Uma hipertensão que surge após a 20ª semana de gestação e está associada a problema renais, do fígado, do sistema nervoso central ou queda no número de plaquetas também pode ser pré-eclâmpsia.
3 - Pré-eclâmpsia superposta à hipertensão crônica – é a pré-eclâmpsia que ocorre em mulheres previamente hipertensas.
4 - Hipertensão gestacional – é considerado hipertensão gestacional aquela hipertensão que surge somente depois da 20ª semana de gestação e que não apresenta perdas de proteínas na urina, nem qualquer outra manifestação sugestiva de pré-eclâmpsia.
O QUE É HIPERTENSÃO GESTACIONAL?
Conforme mencionado, hipertensão gestacional é uma forma de hipertensão arterial que surge após a 20ª semana de gravidez em mulheres previamente sadias e que não apresenta nenhum sinal de pré-eclâmpsia.
Apesar desta forma de hipertensão poder aparecer a partir da 20ª semana de gestação, a grande maioria dos casos só surge bem no finalzinho da gravidez, já no terceiro trimestre.
A hipertensão gestacional é uma hipertensão exclusiva da gravidez, desaparecendo, na maioria dos casos, espontaneamente em até 1 ou 2 semanas após o parto.
Se até 12 semanas após o parto a hipertensão não desaparecer a paciente passa a ser considerada como portadora de hipertensão arterial crônica.
A não resolução espontânea da hipertensão ocorre em cerca de 15% dos casos.
A hipertensão gestacional é um fator de risco para o desenvolvimento futuro de hipertensão arterial.
Mesmo as mulheres que apresentaram normalização da pressão arterial após o parto acabam, a longo prazo, tendo 4 vezes mais riscos de desenvolverem hipertensão arterial crônica.
Como referido na introdução do texto, cerca de 10 a 15% das gestantes acabam desenvolvendo hipertensão gestacional.

Algumas características clínicas aumentam o risco do desenvolvimento da hipertensão durante a gravidez. São elas:
Primeira gravidez.
Gestantes com sobrepeso
Gestantes de etnia negra.
Gestantes com mais de 35 anos.
História familiar ou pessoal de pré-eclâmpsia.
Gravidez gemelar.
Gravidez durante a adolescência.
A hipertensão gestacional é um problema bem menos grave que a pré-eclâmpsia, mas ainda assim ela pode trazer malefícios à grávida e ao bebê.
Gestantes hipertensas apresentam maior risco de alterações no fluxo de sangue na placenta, restrição do crescimento fetal, descolamento prematuro da placenta e parto prematuro.
As complicações são mais comuns nas mulheres que apresentam hipertensão gestacional grave, caracterizada por níveis de pressão arterial persistentemente acima de 160/110 mmHg e é fundamental o acompanhamento médico especializado.
As avaliações dependendo do cenário são até semanais, a fim de se obter um bom controle da pressão e de identificar alterações laboratoriais precoces.
RISCO DE PRÉ-ECLÂMPSIA
Entre as gestantes que inicialmente se apresentam com critérios para hipertensão gestacional, cerca de 1/3 acabam por evoluir para ter critérios de pré-eclâmpsia, que é uma forma de hipertensão muito mais grave.
Portanto, toda gestante com hipertensão gestacional deve ser cuidadosamente observada durante a gravidez, com pesquisas frequentes de proteinúria através do exame de urina.
Algumas características clínicas no momento da apresentação de hipertensão gestacional predizem um aumento do risco de progressão para a pré-eclâmpsia. São elas:
Aparecimento da hipertensão antes da 34ª semana de gestação.
Hipertensão arterial grave.
Alterações no fluxo da artéria uterina detectáveis através do ultrassom com doppler.
Níveis de ácido úrico elevados.

TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO NA GRAVIDEZ
Muitos dos medicamentos utilizados habitualmente no tratamento da hipertensão são contraindicados na gravidez, o que torna o controle da pressão arterial na gestação uma tarefa mais complicada.
Além disso, a margem de segurança é menor, já que uma redução além do desejada da pressão arterial pode provocar grave redução do fluxo sanguíneo para a placenta, trazendo malefícios para o feto.
Portanto, exceto nos casos graves, os cardiologistas costumam optar por não tratar com remédios a hipertensão arterial durante a gravidez, porém essa definição é feita caso a caso.
O tratamento da grávida hipertensa depende do grau de hipertensão arterial.

Dr. Agnaldo Rodrigues é médico pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, tendo se especializado em cardiologia pelo Instituto Mário Penna, em Belo Horizonte, e em Ecocardiografia pelo Diagnósticos da América (DASA) e Escola de Imagem de São Paulo (UNIECO). Possui ainda título de especialização em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Seu consultório de cardiologia fica localizado na cidade de Itumbiara-GO, na rua João Manoel de Souza, 66 - sala 14, Centro,
CRM-GO: 14.541 | RQE nº 11.602
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