CrossFit e atividade física de alta intensidade – todos podem praticar?
- Dr. Agnaldo Rodrigues
- 28 de mai. de 2018
- 3 min de leitura

Todo tipo de treinamento físico tem suas indicações específicas.
Este é também o caso do modelo de treino denominado crossfit que tem virado moda nas academias ultimamente.
Trata-se de metodologias que acenam com resultados rápidos decorrentes de um programa mais agressivo e que por esse motivo tem sido também alvo de muitas críticas.
Na verdade, o problema não está no modelo do treinamento, e sim na indicação de quem pode ser submetido a ele.
Como em qualquer programa, existe uma exigência mínima de aptidão para que ele possa ser aplicado.
O problema é exatamente o apelo dos resultados rápidos, que seduz os ansiosos por resgatar uma aptidão física e um resultado estético em curto espaço de tempo.
Estas pessoas se esquecem de que o excesso de peso e a falta de um condicionamento físico adequado geralmente decorrem de anos de vida sedentária e requerem um planejamento adequado para serem corrigidos.
O sistema cardiovascular, mediante atividades de alta intensidade, sofre diversas alterações pelo estresse a que é submetido.
Estas modificações variam conforme o esporte e vão desde arritmias bradicárdicas (batidas lentas) e taquicárdicas (batidas rápidas demais) até miocardiopatia hipertrófica (quando fica inchado) ou dilatada (quando o coração cresce), podendo ocasionar a chamada Insuficiência Cardíaca.
Se praticado de forma inadequada, o CrossFit e todas atividades físicas e alta intensidade podem desencadear quaisquer destas alterações.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, todos devem ser avaliados antes de iniciar a prática de esportes, desde os mais leves aos mais intensos, tanto de forma recreativa quanto competitiva.

A grande importância desta avaliação e seu objetivo central é identificar condições cardiovasculares preexistentes que sejam incompatíveis com o tipo de treino pretendido, visando evitar a progressão de doenças e fundamentalmente a prevenção da morte súbita.
A avaliação é individualizada, com detalhamento da história do paciente assim como de seus familiares próximos e seus hábitos de vida.
Somados a estes dados, o exame físico acrescenta valiosas informações que irão definir a necessidade de exames complementares.
A recomendação formal da Sociedade Europeia de Cardiologia é que todos, independentes de idade, sejam submetidos ao
eletrocardiograma de 12 derivações.
Demais exames como teste ergométrico, holter, mapa, ecocardiograma e outros de maior complexidade são indicados conforme características pessoais.
O eletrocardiograma registra os potenciais elétricos do coração através de sensores no tórax e nos membros.
Com ele, o cardiologista pode avaliar a frequência e o ritmo, a distribuição elétrica pelo sistema de condução, diagnosticar bloqueios e até
aumentos do coração, assim como doenças genéticas
desencadeadores de morte súbita.
O teste ergométrico em esteira é semelhante. Inicia-se com caminhada progredindo à corrida, com vários protocolos escolhidos conforme o perfil do paciente e objetivo do exame.
Além do sistema elétrico, avalia a pressão arterial durante o exercício.
Sua principal função é identificar arritmias e lesões que podem provocar infarto agudo do miocárdio, que muitas vezes em exames realizados em repouso não são evidenciadas.
De forma complementar, temos o Holter (registra o funcionamento elétrico cardíaco) e o MAPA (determina o comportamento da pressão arterial), ambos durante vinte e quatro horas consecutivas.
Outro exame de grande importância é o ecocardiograma.
Através dele, é possível quantificar o tamanho e o formato do coração, avaliar a contração e o relaxamento do músculo cardíaco e determinar a função de cada uma de suas válvulas.

Para que a atividade física seja bem sucedida, produza os resultados desejados e transcorram de forma segura, é fundamental realizar prévia avaliação por um médico cardiologista especialista e consecutivas reavaliações anuais.
E mais: a prática de modalidades de alta intensidade deve ser supervisionada por um treinador capacitado a orientar e acompanhar a atividade.
Com esses cuidados todos são candidatos a usufruir dos inúmeros benefícios da atividade física, de pequena, moderada e alta intensidade.
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