Cigarro: riscos reais e benefícios de parar
- Agnaldo Júnior
- 13 de jun. de 2018
- 4 min de leitura

Não bastassem os males aos pulmões e a estreita relação com o aparecimento de câncer, o cigarro também é prejudicial ao coração.
É um dos principais fatores que elevam o risco de doenças cardiovasculares.
As substâncias presentes no cigarro agridem a parede interna dos vasos sanguíneos, chamada de endotélio.
Somente essa reação já é o suficiente para deixar as artérias mais vulneráveis ao depósito de placas de gordura.
Outra interferência acontece no mecanismo de contração e relaxamento do coração. Isto resulta numa maior dificuldade para o sangue circular.
Fumar acelera o processo conhecido como oxidação do colesterol e favorece a formação da placa de aterosclerose.
A associação com outros fatores, como hipertensão e diabetes, aumenta o risco progressivamente.
Sem contar o perigo que é a soma do tabaco com o uso da pílula anticoncepcional.
Não é exagero dizer que essa combinação pode ser muito grave para as mulheres.
Nenhuma quantidade de cigarro é segura
Independente do uso de cigarro, cachimbo ou charuto, uma única unidade pode provocar esses malefícios, não importa a quantidade.
Fumar pouco ou esporadicamente também faz mal.
As substâncias inaladas caem na circulação sanguínea e provocam consequências à saúde.

Entre as principais doenças cardiovasculares causadas pelo tabagismo estão: insuficiência coronariana, infarto do miocárdio, aneurisma da aorta abdominal, desenvolvimento de arritmias graves e AVC – acidente vascular cerebral.
É importante lembrar ainda que o fumante passivo também está exposto ao perigo.
Há estudos que apontam que conviver com quem fuma afeta o coração, além de aumentar em duas vezes o risco de câncer.
Como fica o coração depois de parar de fumar
É inegável que uma das melhores coisas que um fumante pode fazer pela sua saúde cardiovascular é abandonar o cigarro.
Após parar de fumar, há redução de cerca de 50% no risco de infarto no primeiro ano.
Porém, são necessários cerca de 10 anos sem fumar para igualar o risco cardiovascular de um ex-fumante ao risco de quem nunca fumou.
Para avaliar de fato os riscos relacionados ao cigarro e verificar o impacto de parar de fumar,
Jha e colaboradores seguiram mais de 200.000 homens e mulheres com mais de 25 anos, entre 1997 e 2006, nos Estados Unidos.
O desenho do estudo e o tamanho da população estudada permitiram ainda verificar o impacto de parar de fumar. Os dados obtidos foram os seguintes:
1) Fumantes que pararam entre 25 e 34 anos (em média aos 29 anos) tiveram suas curvas de sobrevida muito semelhantes à dos não fumantes. Isso significa que os que pararam de fumar ganharam cerca de dez anos de vida comparados aos que não o fizeram;
2) Os que pararam de fumar entre os 35 e os 44 anos ganharam nove anos comparados aos que continuaram fumando;
3) Juntos, esses dados significam que parar de fumar perto dos 39 anos de idade reduz o risco excessivo de morrer por qualquer causa, em cerca de 90%. O que não quer dizer que seja seguro fumar até os 40 anos de idade, uma vez que 20% dos que fumaram até os 40 anos morreram mais cedo do que os não fumantes;
4) As vantagens de parar de fumar não se restringem aos indivíduos com menos de 40 anos de idade. Parar de fumar entre 45 e 54 anos de idade representa um ganho médio de seis anos de vida e, entre 55 e 64 anos, um ganho de quatro anos de vida.
Além desses dados inéditos, esse estudo também confirma que mulheres que fumam tanto quanto os homens morrem na mesma proporção ou até mais cedo do que eles.
Considerando que cerca de 30 milhões de jovens começam a fumar todos os anos no mundo inteiro e que a maioria não vai parar, pode-se estimar que o cigarro vai matar um bilhão de pessoas no século 21.
Como largar o cigarro
Vários métodos podem ser utilizados para parar de fumar.

Entre eles, desde a parada abrupta até o suporte de produtos à base de nicotina, as chamadas terapias de reposição.
O ideal é parar com o cigarro completamente.
Dependendo do perfil do paciente e do seu grau de dependência, o tratamento poderá incluir a associação de técnicas multidisciplinares.
Podem ser utilizadas as terapias de reposição, como o uso de chicletes e adesivos de nicotina, e também medicamentos específicos e antidepressivos.
Em geral, o tratamento é indicado por um período de 12 semanas.
É comum muitos ex-fumantes aumentarem de peso após abandonar o cigarro.
Por isso, o cuidado com a alimentação saudável e a prática de atividade física devem receber mais atenção, afinal, a obesidade é também um fator de risco para o coração.
Vale ressaltar que somente uma avaliação médica criteriosa é capaz de indicar qual o tratamento ideal para cada paciente.
Existem diversos métodos disponíveis. Assim, converse com seu Cardiologista e conheça o melhor tratamento para você.

Dr. Agnaldo Rodrigues é médico pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, tendo se especializado em cardiologia pelo Instituto Mário Penna, em Belo Horizonte, e em Ecocardiografia pelo Diagnósticos da América (DASA) e Escola de Imagem de São Paulo (UNIECO). Possui ainda título de especialização em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Seu consultório de cardiologia fica localizado na cidade de Itumbiara-GO, na rua João Manoel de Souza, 66 - sala 14, Centro,
CRM-GO: 14.541 | RQE nº 11.602
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