Arritmias cardíacas – causa ou consequência?
- Dr. Agnaldo Rodrigues
- 23 de mai. de 2018
- 4 min de leitura

O que é?
As arritmias são alterações no ritmo cardíaco normal.
Na maioria das pessoas os batimentos cardíacos giram em torno de 60 a 100 por minuto, com variações nas situações de repouso ou esforço físico.
Alterações nesse funcionamento podem fazer o coração bater em ritmo acelerado (taquicardia) ou lento demais (bradicardia).
A maioria das arritmias são benignas e não causam sintomas, porém outras podem provocar sensação de palpitações, desmaios e risco de morte.
As arritmias podem se originar na parte superior (átrios ou supraventriculares) ou inferior do coração (ventrículos).
Dentre as arritmias supraventriculares destacam-se as extrassístoles atriais; as taquicardias paroxísticas (curtos circuitos no coração), vias acessórias (Wolf-Parkinson-White), taquicardia atrial, flutter e fibrilação atrial.
A fibrilação atrial é bastante frequente na prática clínica.
Trata-se de uma alteração no ritmo cardíaco caracterizada por contrações rápidas e não coordenadas dos átrios, que atinge boa parte da população, especialmente na terceira idade.
Nos ventrículos, a mais frequente é a extrassístole, batida anormal que se assemelha a uma falha ou tranco no coração, que geralmente não necessita de tratamento.
Já a taquicardia ventricular pode, em algumas situações, prejudicar o funcionamento do coração, resultando em sensação de batedeira, tontura e até desmaios, requerendo atendimento imediato.
Em casos extremos ela pode levar a parada cardíaca e morte cardíaca súbita. Boa parte desses casos poderiam ser evitados se fossem diagnosticados precocemente.
Causas
Boa parte das arritmias não tem uma causa bem definida, sendo algumas de nascença.
Outras são decorrentes de problemas no músculo do coração, como infarto, insuficiência cardíaca ou doença de Chagas.
Doenças nas válvulas do coração também costumam cursar com arritmias.
O ritmo das batidas do coração também pode ser modificado pelo uso de medicamentos ou por condições como disfunção da tireóide, anemia, desidratação, infecções, estresse, atividade física e ansiedade.
Sintomas

Os principais sintomas são palpitações, fraqueza, tonturas, sudorese, desmaios, confusão mental, falta de ar, mal-estar e sensação de peso no peito.
Mas é importante lembrar que muitas arritmias não provocam quaisquer sintomas.
Em casos de fibrilação atrial e flutter atrial, a arritmia pode levar a formação de coágulos no coração, provocando um acidente vascular cerebral (AVC).
Já as taquicardias ventriculares malignas podem comprometer a função cardíaca levando a morte súbita.
Nesses casos, o atendimento médico imediato é fundamental.
Diagnóstico

Primeiramente é feita uma avaliação clínica, exame físico e eletrocardiograma.
Em alguns casos é preciso uma investigação mais detalhada, como o teste ergométrico, o Holter - que registra o batimento cardíaco do paciente em suas atividades cotidianas 24 horas por dia, ou o Web-Loop, chamado monitor de eventos, capaz de transmitir o traçado eletrocardiográfico, por meio da internet, no momento do sintoma.
Em casos de desmaio, pode ser necessário o tilt-test ou teste da mesa inclinada.
Quando não é possível identificar o problema por esses métodos não invasivos a opção é o estudo eletrofisiológico, que é o cateterismo cardíaco específico para avaliar os distúrbios do ritmo cardíaco.
Nesse exame, cateteres com eletrodos são inseridos no coração pela veia localizada na virilha para que seja feito o diagnóstico e localização do foco de origem da arritmia.
Tratamento
Muitas arritmias não necessitam de tratamento.
Dependendo do tipo e intensidade da arritmia, pode ser necessário o uso de medicamentos, além de mudanças no estilo de vida.
A reversão de algumas arritmias, como o flutter atrial, pode requerer a aplicação de um choque no tórax (cardioversão elétrica), procedimento que é feito sob sedação e, muitas vezes, em nível ambulatorial.
Em alguns casos de taquicardia (aceleração do coração), a realização da ablação por cateter é muito efetiva e muitas vezes curativa.
Essa técnica consiste na cauterização do foco da arritmia durante o estudo eletrofisiológico.
Nos casos de bradicardias (coração lento), os marca-passos – equipamentos que emitem impulsos elétricos para corrigir falhas no ritmo dos batimentos – podem ser implantados embaixo da pele oferecendo excelente controle do ritmo cardíaco.
Atualmente esses aparelhos são muito pequenos, não comprometendo o estilo de vida do paciente.
Já nos pacientes com taquicardia ventricular grave (com risco de morte), pode ser implantado um marca-passo especial chamado desfibrilador automático, que faz a detecção do ritmo cardíaco alterado e libera um choque ressuscitador que corrige a pulsação.
Em casos extremos, pode ser necessária a realização de cirurgias para correção das arritmias.
Nessas situações, preferencialmente se utilizam técnicas minimamente invasivas (sem necessidade de abrir o tórax do paciente) com o auxílio de robôs, reduzindo o tempo de recuperação e melhorando a qualidade de vida do paciente.
Prevenção

Além da prática de exercícios físicos e alimentação balanceada (baixa ingestão de sal e gorduras), é essencial a avaliação médica regular (check-up) e o controle de fatores de risco, além do tratamento adequado de doenças tireoidianas, diabetes, obesidade, hipertensão e suspensão do tabagismo.

Dr. Agnaldo Rodrigues é médico pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, tendo se especializado em cardiologia pelo Instituto Mário Penna, em Belo Horizonte, e em Ecocardiografia pelo Diagnósticos da América (DASA) e Escola de Imagem de São Paulo (UNIECO). Possui ainda título de especialização em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Seu consultório de cardiologia fica localizado na cidade de Itumbiara-GO, na rua João Manoel de Souza, 66 - sala 14, Centro,
CRM-GO: 14.541 | RQE nº 11.602
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